Planejamento Financeiro: Como Poupar e Controlar Gastos (Planilha Orçamental)

No texto de hoje, vamos solidificar mais as bases da inteligência financeira. No lugar de falar mais de investimentos, vamos falar um pouco de finanças pessoais – planejamento orçamental.

É fato que não podemos investir, se ainda não temos nossa vida financeira bem disciplinada. E isso inclui não ter muitas dívidas (se possível, nenhuma) e ter noção do nosso orçamento mensal, com tudo que temos que pagar, o quanto ganhamos e o quanto sobrou ou faltou.


Vou falar aqui, então, de algumas dicas ou orientações para prepararmos nossa vida financeira com objetivo de adentrarmos no mundo dos investimentos, prosperando no futuro.

Bom, a primeira de todas as dicas é sempre gastar menos do que receber.

Sei que parece óbvio, mas é imensa a quantidade de pessoas que gasta mais do que recebe. De acordo com pesquisas, cerca de metade das famílias brasileiras gasta mais do que recebe (Link para notícia, 2013 – idec).

E isso acontece devido às ferramentas que o banco nos oferece, como cartão de crédito e cheque especial; e também devido ao povo brasileiro não ter educação financeira.


Tudo nos incentiva a consumir, TV, rádio, jornais, revistas, anúncios em páginas de internet. E, como somos altamente influenciáveis, a grande maioria das pessoas se deixa levar pelo consumismo, e acabamos, muitas vezes, gastando com coisas das quais não precisamos realmente. 

Desenvolvemos hábitos ruins, que devem ser eliminados, como comprar por impulso e comprar para "curar" a depressão.

Toda compra deve ser planejada com antecedência, preços devem ser pesquisados e sempre deve ser dada preferência para compras à vista, solicitando desconto. O ideal é só comprarmos o que realmente precisamos.

Mas, voltando ao assunto, pra saber se gastamos mais do que recebemos, e pra quantificar essa diferença, o que devemos fazer?

A melhor maneira de resolver isso é colocando na ponta do lápis tudo que gastamos e tudo que recebemos.

A Bovespa criou, e disponibilizou para download gratuito, uma planilha em formato Excel, onde estão detalhados campos que podemos preencher mensalmente.

Depois que acrescentarmos todos os gastos e créditos, através de fórmulas, a planilha nos dirá o quanto gastamos a mais e onde estamos gastando mais; ou dirá o quanto sobrou.

A planilha também possui informações diversas sobre nossas despesas. É a melhor maneira de criarmos o hábito de controlarmos nossa vida financeira. Vocês podem baixar a planilha no site da Bovespa, aqui.

Depois que soubermos o quanto gastamos, precisamos controlar nossas despesas, de modo que sobre uma grana extra todo mês. E, em cima desse extra, é que poderemos trabalhar nas aplicações.

Uma maneira de diminuir as despesas é controlar o cheque especial e o cartão de crédito, que são os nossos maiores inimigos.

Eles utilizam o poder imensurável dos juros compostos (juros sobre juros), bem altos, por sinal, para aumentar nossa dívida exorbitantemente; especialmente quando não pagamos a fatura total, pagando somente o valor mínimo, ou parcelamos com juros.

Nessas horas, o banco sorri de alegria e nosso patrimônio estremece com fortes tendências a desabar.

Para termos uma idéia de quantidade, basta compararmos os juros. Os juros de cartões de créditos chegam a passar de 10% ao mês.

Enquanto "lucramos", colocando dinheiro na poupança, cerca de 0,5% ao mês. É absurda a diferença. Portanto, se você tem dívidas a pagar, e tem dinheiro na poupança, a escolha mais sábia é juntar tudo que tiver guardado para quitar suas dívidas. E, uma vez sem dívidas, voltar a aplicar em renda fixa e/ou renda variável.

Outra dica interessante para evitar dívidas é não aumentar o padrão de vida após uma promoção no trabalho ou depois de ir trabalhar em um lugar que pague mais.

Nossa tendência é pensar “Como agora estou ganhando mais, posso gastar mais também”. Claro que o mínimo de conforto e segurança deve ser atingido, mas o ideal é reduzir os gastos, mesmo diante de um aumento salarial.

Vejo muitas pessoas por aí que ganham bem e vivem sem dinheiro, por que a cada promoção, fazem mais dívidas. Se uma promoção chegar e seus frutos forem bem administrados, as aplicações crescerão e muito mais rapidamente suas metas de investimento serão atingidas.

Mais uma tópico importante a se considerar, diz respeito aos pequenos valores. Não devemos desconsiderar os pequenos valores. Se é possível comprarmos algo mais barato em algum outro lugar, devemos fazê-lo. Podemos até pensar “Mas são só 4 reais (ou outro valor qualquer) mais caro, isso não vai afetar nada”. Mas esse pensamento ignora o poder brutal dos juros sobre juros.

Nossa mente é acostumada a raciocinar linearmente. Intuitivamente, entendemos os juros mensais como juros sempre em cima do valor inicial.

Por exemplo: Se temos 100 reais e investimos em uma aplicação que pague 10% ao ano, depois do primeiro ano, teremos quanto? 110, certo? E depois de dois anos? 120?
Muitas pessoas podem dizer que sim, afinal, 100 + 10% + 10%, certo?

Na verdade não, pois depois do primeiro ano, temos 110, e o próximo ano, com seu rendimento de 10%, será em cima do valor do ano atual, 110, e não em cima dos 100 iniciais. Daí, ao fim de dois anos, teremos 121, que é 110 + 10%. Esses são os famosos juros compostos.

A idéia desse exemplo é mostrar a filosofia dos juros sobre juros, que faz com que até pequenas quantias aumentem muito de valor, quando aplicadas durante um bom tempo. 

Portanto, não devemos desconsiderar os pequenos descontos e pequenas quantias que podemos obter.

Com essas primeiras diretrizes, espero que tenha incentivado você que está lendo esse texto, a controlar melhor suas finanças, para pensar num futuro de aplicações. E se você já o faz, é sempre bom reavivar as bases estruturais das finanças pessoais.

Educação financeira é pra todos.

Créditos da imagem usada: CPT

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